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Editorial
Os 2,5 milhões de quilómetros quadrados do Mediterrâneo contêm a mais alta densidade de conflitos de toda a história. Com a configuração de um corredor no sentido da longitude, este mar fez convergir forças expansionistas vindas dos três continentes que o rodeiam, podendo dizer-se que durante os últimos 2500 anos nenhuma outra região da terra foi mais disputada. Servindo de bomba aspirante para impérios antigos e modernos, a região do Mediterrâneo ganhou também uma inércia específica: nenhuma potência - com excepção de Roma (a única a dominá-lo integralmente) e do império otomano na sua metade oriental - se conservou hegemónica por mais de dois séculos. Compreende-se que Hegel, para falar do efémero, se tenha servido só de exemplos de potências mediterrânicas:
“Quem terá estado entre as ruínas de Cartago, de Palmira, de Persepolis e de Roma, sem se entregar a considerações sobre a caducidade dos reinos e dos homens(..)?”
Durante os primeiros três séculos do mercado mundial e com as rotas atlânticas a desvalorizarem a situação geopolítica do Mediterrâneo, a duração das suas hegemonias regionais diminuiu na razão directa da contemporaneidade. Quando através da abertura do canal do Suez o mar interior recuperou parte do seu valor estratégico, já a correlação de forças imperialistas não permitia senão meras supremacias navais, também de curta duração (a actual, a da 6.ª frota dos EUA, começou na década de 1950). Deste modo, os transitórios “equadores” políticos ou militares que dividiram a região não impediram a formação de um “caldo cultural” mediterrânico, que apesar de tudo foi coexistindo com numerosas micro-identidades.
Mais do que nunca, o Mediterrâneo continua hoje a fazer o seu antigo jogo de espelhos, em que todos os vizinhos se observam de perto. No entanto, com cada vez mais parceiros de fora: os terminais mediterrânicos dos oleodutos africanos, russos e caucasianos fizeram com que a estes observadores tradicionais se juntassem as potências hegemónicas dos últimos 60 anos, que vêm agora de continentes não-vizinhos (norte-americanos, BRIC’s, China).
Os registos diplomáticos, os relatos de viagens, os media onde se popularizaram as expressões “Próximo Oriente” e “Médio Oriente”), a ficção literária e as próprias ciências sociais têm sido canais de uma inesgotável diversidade de estereótipos e de interpretações sobre a região. Sem ter a pretensão de os inventariar, este pequeno dossier pretende simplesmente indicar algumas linhas de pesquisa actuais sobre as identidades mediterrânicas. Pretende igualmente explorar a ideia de que a perspectiva comparada, longe de aumentar a sensação de caos ou de déjá vu, permite captar um pouco melhor as dinâmicas geopolíticas e culturais mediterrânicas.
São assim apresentados oito trabalhos atuais sobre o Mediterrâneo, não necessariamente de mediterrânicos. Sendo um mar pequeno e interior, este acidente geográfico foi sempre muito mais vasto que o espaço com que qualquer sistema cartográfico o representa.
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