Carlos Silva, CLUP | FLUP
Moderador: Sóstenes Rego, CEAUP | FLUP
Resumo:
A compreensão dos mecanismos intervenientes na estabilidade fonológica é crucial para a determinação das origens dos crioulos e dos fenómenos de contacto do qual eles emergem. Como em outras línguas naturais, a mudança nos crioulos é condicionada não só pelo contexto fonético (Gurevich, 2004), mas também por fatores sócio-históricos (Faraclas et al., 2007) e demográficos. Contudo, é preciso estabelecer especificamente que fatores são relevantes e peso eles têm na transferência de propriedades fonológicas da língua lexicalizadora para os crioulos. Nesta apresentação, com base em 667 palavras de 16 crioulos de base portuguesa, analisaremos a correlação entre os valores de estabilidade fonológica das mesmas e três fatores sócio históricos: (i) a duração da influência portuguesa, (ii) as condições de contacto dos portugueses com as comunidades locais e (iii) o número de comunidades linguísticas em contacto. Tanto os dados recolhidos, como os resultados gerados são um exemplo de como as humanidades digitais podem contribuir ativamente para a ciência e conservação linguística.
Organização:
CODA e CEAUP, com o apoio do ISUP, CLUP, CEGOT, CITCEM.
Esta conferência faz parte das sessões#CODA - Hacktivar as Humanidades:
A ideia de hackear, que a cultura popular associou à invasão ou destruição de sistemas, surgiu como uma forma não standard de ultrapassar obstáculos e limitações dos sistemas informáticos. Tendo como referência o seu carácter original, este conceito pode ser uma poderosa ferramenta para ativar e revitalizar as humanidades. Partindo desta premissa, o ciclo "Hacktivar as Humanidades", uma iniciativa CODA - Centre for Digital Culture and Innovation, pretende reunir investigadores nacionais e internacionais cuja investigação possa demonstrar como abordagens criativas e, por vezes, disruptivas, são usadas para transformar a forma como pensamos e interagimos com a cultura, as artes e as ciências humanas. Nesse questionamento, os participantes serão ainda desafiados a repensar as suas próprias práticas e, portanto, a buscar novas formas de (re)hacktivação dos seus próprios percursos.