Africana Studia nº 10

 

Índice:

  • Editorial (p.3-4)
  • África e o Eco-Desenvolvimento
  • Jacinto Rodrigues - África – que desenvolvimento? (p.7-37)
  • Filipe Francisco, Nuno Duarte, Tiago Mateus, Jacinto Rodrigues - África - que desenvolvimento? - fichas de trabalho (p.39-88)
  • Carlos Pimenta - Embuste do desenvolvimento (p.89-154)
  • Ana Pires de Carvalho - Mortality in Africa : An Introductory Overview (p.155-185)
  • Álvaro Pereira - A abundância ilusória da água em Angola: desafios ao sistema institucional (p.187-211)
  • Carlos Garrido - As catástrofes naturais como condicionantes do desenvolvimento dos PALOP (p. 213-224)
  • Miguel Fernandes Santiago - Pancho Guedes, um arquitecto em Moçambique - pré-sustentabilidade ou intuição tectónica (p. 225-233)
  • Philip Havik - Boticas e beberagens: a criação dos serviços de saúde e a colonização da Guiné (p. 235-270)
  • Maria José da Silva Aquino - Complexidade e solidariedade: lições em Edgar Morin e S. Francisco de Assis (p. 271-288)
  • Problemáticas da África Ocidental
  • Ana Madalena Trigo de Sousa - Uma tentativa de fomento industrial na Angola setecentista: a "Fábrica do Ferro" de Nova Oeiras (1766-1772) (p. 291-308)
  • Benvinda Lavrador - A construção de uma identidade literária na Costa do Marfim: percursos de uma escrita inovadora no universo africano (p.309-328)
  • Recensões
  • Carlos Almeida - T. F. Earle: K. J. P. Lowe (eds), Black Africans in Renaissance Europe (p.331-338)
  • Eduardo Medeiros - Alberto Oliveira Pinto. Cabinda e as construcções da sua história, 1783-1887 (p.339-340)
  • Maciel Santos - Lowel J. Satre. Chocolate on trial - Slavery Politics & the Ethics of Business (p.341-346)
  • Mohamed Abdillahi Bahdon - Jean pierre Patat. Afrique, un partenariat Nord-Sud (p.347-353)
  • Maria Fernanda Correia - Paulus Gerdes. Etnomatemática - reflexões sobre a matemática e a diversidade cultural (p.355-359)
  • Maria Luísa Baptista. Arménio Vieira. Mitografias (p.361-369)
  • Maria Luísa Baptista. Leão Lopes. Capitão Farel (p.371-376)
  • Resumos (p.379-395)

 

Editorial

“Os 500 indivíduos mais ricos do mundo têm um rendimento conjunto maior do que o rendimento das 416 milhões de pessoas mais pobres”. (PNUD).

De um lado temos os ricos, do outro os pobres. «Sempre foi assim, é a história da humanidade», dirão alguns. Talvez, mas é assim quando a Declaração Universal dos Direitos do Homem exige a dignidade de homem, e de cidadão, para todos; quando há mais de meio século se declarou solenemente o combate ao «atraso», à «pobreza», ao «subdesenvolvimento» e se montou uma poderosa indústria da cooperação que engloba toda a panóplia de boas intenções, de declarações e apoios, sábios e políticos, conferências e missões. É assim quando, em nome do «desenvolvimento» se hipoteca o futuro da humanidade rompendo a autoreprodução dos sistemas ecológicos. É assim quando sistematicamente se elaboram projectos para resolver definitivamente os grandes problemas da humanidade – tal como os Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento – que obtêm grandes unanimidades políticas e onde desembocam sonhos e recursos, jantaradas e negócios, altruísmos e corrupções.

Décadas de buscas – mais orientadas pelo olfacto do lucro do que pela racionalidade do bem-estar – do desenvolvimento e da inserção destas preocupações, institucionalmente consagradas, na globalização, produziram, apesar de tudo algumas profundas mudanças, que nem sempre foram de acordo com a tendência espontânea da reprodução do sistema: os «desenvolvidos » reproduzindo cumulativamente a riqueza e os subdesenvolvidos reproduzindo a pobreza e a morte prematura. Mas essas rupturas de alteração das realidades locais, nacionais, regionais e internacionais parece não terem passado pela África Subsahariana.

Esta constatação «empírica», tão reveladora em tempos de «pragmatismo», exige reflectir sobre uma imensidade de problemáticas à luz dos conhecimentos actuais. Problemáticas interdisciplinares, interculturais, interparadigmáticas, frequentemente oscilando entre a Ciência e a Moral, a Filosofia e a Política. Problemáticas que frequentemente exigem lucubrações epistemológicas sobre a sua validade, sobre os espaços – simultaneamente conceptuais e geográfico-sociais – da sua aplicabilidade, sobre as metodologias de resolução, sobre a codificação e descodificação na transição da realidade social para a construção dos modelos, sobre os conceitos utilizados, sobre a relação entre transformar e conhecer. Problemáticas e respostas que ora são complementares ora são desarticuladas, ora são conciliáveis ora são contraditórias.

Este número da revista assumiu como prioridade centrar a sua atenção sobre o desenvolvimento – que pode ser adjectivado de «humano», de «local », de «sustentado» ou de qualquer outro epíteto –, que tem de ser uma totalidade para expressar um processo de ruptura e de garantia de acesso à satisfação da necessidade biológica e socialmente básicas a todos os grupos sociais e a todos os seus elementos constitutivos.

Com a modéstia que é imperativo assumir ao tratar de tais «dossiers», apenas pretendemos contribuir para um debate que é universal e multifacetado, lançar pistas de reflexão.

Cabe ao leitor tirar as suas conclusões e fazer chegar até nós as suas opiniões, sendo o site do Centro (http://www.africanos.eu) o local ideal para tal.

Carlos Pimenta

Esta dirección de correo electrónico está siendo protegida contra los robots de spam. Necesita tener JavaScript habilitado para poder verlo.

 

Ficha Técnica:

Entidade proprietária: Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

FLUP - Via Panorâmica s/n - 4150-564 Porto

Director: Maciel Morais Santos (Esta dirección de correo electrónico está siendo protegida contra los robots de spam. Necesita tener JavaScript habilitado para poder verlo.)

Sede da Redacção: FLUP - Via Panorâmica s/n - 4150-564 Porto

N° de registo: 124732

Depósito legal: 138153/99

ISSN: 0874-2375

Tiragem: 500 exemplares

Periodicidade: Anual

N° de contribuinte da entidade proprietária: 504045466

Tipografia: Papelmunde

Edição: Miguel Silva, Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

Revisão de textos: Amelia Queirós; La Salete Coelho; Miguel Silva e Rosário Melo.

Conselho Científico/Advisory Board:

Alexander Keese (U. Berna/CEAUP), Ana Maria Brito (FLUP), Augusto Nascimento (IICT), Carlos Couto (CEAUP), Collete Dubois (U. Aix-en-Provence), Elikia M’Bokolo (EHESSS – Paris), Eduardo Costa Dias (CEA-ISCTE), Eduardo Medeiros (U. Évora), Isabel Leiria (FLUL), Isabel Galhano Rodrigues (FLUP), Joana Pereira Leite (CESA-ISEG), João Garcia (FLUP), João Pedro Marques (IICT), José Carlos Venâncio (U. Beira Interior), Malyn Newitt (King’s College), Manuel Rodrigues de Areia (U. Coimbra), Michel Cahen (IEP – U. Bordéus IV), Paul Nugent (CEA- Edimburgo), Patrick Chabal (King’s College), Maria Rosa Sil Monteiro (U. Minho) , Philip Havik (IICT), Suzanne Daveau (U. Lisboa), Wilson Abreu (U. Porto).

Conselho Editorial/Editorial Board: Carlos Pimenta, Cristina Pacheco, Elvira Mea, Gabriela Silva, José Capela, Maciel Santos.

Secretariado: Raquel Cunha

Advertência:

Proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação (na versão em papel ou electrónica) sem autorização prévia por escrito do CEAUP.

Africana Studia é uma revista publicada com arbitragem científica.

Africana Studia é uma revista da rede África-Europe Group for Interdidisciplinary Studies (AEGIS).

 

Para leitura integral: https://ojs.letras.up.pt/index.php/AfricanaStudia/issue/view/501

Contactos

Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto
Via panorâmica, s/n
4150-564 Porto
Portugal

+351 22 607 71 41
ceaup@letras.up.pt