Índice:
- Marzia Grassi - A questão do género no sector informal em Cabo Verde: um estudo sobre as "rabidantes" do mercado "Sucupira" na ilha de Santiago (p. 7-32)
- Mário Vilela - Reflexões sobre a política linguística nos PALOP (p. 33-48)
- Américo Correia de Oliveira - Do imaginário angolano (p. 49-78)
- David Callahan - Closure and survival in Sindiwe Magona's Living, Loving and Lying awake at night (1991) (p. 79-98)
- Francisco Soares - Literatura e Política (p. 99-110)
- Margarida Fernandes - A Família Trago: uma ficção bem fundada (p. 111-120)
- Manambi Vuvu Fernando - Estudo das colecções etnolográficas dos museus de Angola numa perspectiva histórica e antropológica (p. 121-148)
- János Riesz - Negritude, francofonia e cultura africana. Léopold Sédar Senghor como paradigma. (p. 149-162)
- Eduardo Medeiros - Arte Maconde, principal bibliografia (p. 165-182)
- José Carlos Venâncio - "Revisitações no exílio (contos angolanos)", de Inácio Rebelo de Andrade (p. 183-186)
- José Capela - O escravismo na história brasileira (p. 187-190)
- Maria Cristina Pacheco - "Jaime Bunda - agente secreto", de Pepetela (p. 191-198)
- António Custódio Gonçalves - Léopold Sédar Senghor (p. 199-200)
Editorial
Africana Studia continua a ser uma revista científica portuguesa de referência exclusivamente dedicada aos Estudos Africanos. Iniciada em 1999, perfaz, com a presente edição, o quarto número, que surge referenciado ao ano de 2001. Tem sido preocupação do Conselho de Redacção tornar a revista um espaço de divulgação da investigação que é feita, quer no plano nacional, quer no internacional, sobre África, mormente sobre a Africa subsaariana. Torná-la um espaço de debate e de perspectivação teórica sobre os diferentes problemas que afligem o continente tem sido outra preocupação do Conselho, propósito que tem sido desenvolvido a par de um outro, o da informação sobre os eventos que, de alguma forma, têm contribuído para a consolidação e institucionalização da área científica em causa em Portugal. Decorrendo deste conjunto de preocupações, os números anteriores contaram com a colaboração de investigadores nacionais e estrangeiros, provenientes de universos académicos e intelectuais como o angolano, o alemão e o francês, e que, de acordo com as tradições científicas desses respectivos meios, expuseram conteúdos e perspectivas teóricas que, cumprindo os objectivos da revista, enriqueceram e renovaram, segundo cremos, a africanística portuguesa.
O número que ora se apresenta releva como temática dominante, embora não exclusiva, a relação entre literatura e sociedade tal como ela surge espelhada nas literaturas africanas. O artigo de Mário Vilela sobre a política linguística nos PALOP fornece, para o espaço político-cultural referido, as bases linguísticas sobre as quais as respectivas literaturas têm potenciado a sua criatividade. Américo Correia de Oliveira discorre sobre os ogros na literatura tradicional angolana, apresentando os resultados de uma investigação que começou por ser orientada por propósitos académicos. David Callahan, da Universidade de Aveiro, apresenta um estudo sobre resolução e sobrevivência em Living, Loving and Lying awake at night da escritora sul-africana Sindiwe Magona. Francisco Soares, da Universidade de Évora, faz uma reflexão sobre a relação, nem sempre pacífica, entre literatura e política afazer lembrar o título do livro Literatur und Politik. EM Essay do sociólogo alemão Urs Jaeggi, publicado nos anos 70 pelas Edições Suhrkamp. Margarida Fernandes, da Universidade Nova, exercitando o que se poderá designar por Antropologia da Literatura, debruça-se sobre o substrato antropológico do romance A família Trago do escritor cabo-verdiano Germano Almeida.
A secção reservada aos artigos conta ainda com a contribuição de Marzia Grassi que escreve sobre as "rabidantes" do mercado "Sucupira" na ilha de Santiago, um estudo que, ao relevar o papel das mulheres no sector informal em Cabo Verde, mormente na ilha do Sal, ajuda a compreender o papel económico, nem sempre valorizado na devida medida, que as mulheres desempenham em África. Aproxima-se, por esse lado, do artigo de David Callahan, inserindo-se ambos nos chamados Estudos do Género. As colecções etnográficas dos museus de Angola foram objecto do artigo de Manzambi Vuvu Fernando, estudando-as numa perspectiva histórica e antropológica.
A rubrica dedicada às notas e recensões seguiu, tanto quanto possível, a temática dominante do número, tendo sido, para o efeito, recenseados dois livros de ficção de temática africana, recentemente publicados, um de autoria do escritor angolano Pepetela e outro do escritor luso-angolano, Inácio Rebelo de Andrade. Esta rubrica encerra da melhor forma possível, no que diz respeito ao cumprimento da temática dominante, evocando a personalidade e a obra de Léopold Senghor, recentemente falecido, um governante, por sinal africano, que não perdeu o grandioso sentido da poesia.
José Carlos Venâncio
Ficha Técnica:
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Conselho de Redacção/Editorial Board: António Custódio Gonçalves, Carlos José Gomes Pimenta, Elvira Mea, Ivo Carneiro de Sousa, João Francisco Marques, José Capela, José Carlos Venâncio, José Maciel Honrado Santos, José Manuel Pereira Azevedo, Maria Cristina Pacheco, Mário Vilela.
Secretariado: Raquel Maria Machado da Cunha
Propriedade: Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto
Edição: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Impressão e acabamento: SerSilito-Empresa Gráfica, Lda./Maia
ISSN: 0874-2375
Depósito legal: 138153/99
Revista anual: n° 4 - 2001
Tiragem: 1000 exemplares
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