Chuva Braba e Os Flagelados do Vento Leste, como representantes maiores da ficção daquele Autor, foram analisadas à luz de uma abordagem de tipo estrutural. Em linhas gerais, em cada uma das narrativas procurei inventariar os elementos estruturais, pôr em relevo o seu valor relativo (a sua funcionalidade) pelo relacionamento orgânico, esteticamente motivado (necessário) e significativo no todo coeso que é a obra; enfim, perspectivar sempre a investigação numa dimensão semântica.

Herdamos do século XX um mundo que se tornou mais pequeno dada a facilidade com que o percorremos, a forma rápida como é possível chegar das mais variadas formas aos lugares mais remotos. Mas esta nova dimensão da distância transformou ao mesmo tempo a nossa noção do mundo, transfigurando-o num espaço maior de diversidade, pois nunca como agora tivemos a percepção da sua total variedade geográfica, social, cultural e humana.

A documentação e os estudos publicados sobre a escravatura e o tráfico de escravos na colonização moderna não têm privilegiado os seus agentes. Para além de casos adornados com aura folclórica e picaresca e de um ou outro negreiro cuja fortuna, verdadeira ou quimérica, o tornou lendário, a ignorância sobre tais protagonistas da história é avassaladora.

O nosso ponto de partida assentou no facto de Cabo Verde exercer um fascínio especial sobre nós, pois partilhamos hábitos e costumes, embora saibamos que, no arquipélago, eles assumem uma dimensão muito mais genuína e, antropologicamente, mais rica. Pois bem, tendo em conta o chamamento da cultura cabo-verdiana, pensamos realizar um mergulho pelas coordenadas sócio-culturais e literárias de Cabo Verde e, nesse caminho, encontramos Corsino Fortes e a sua obra.

Em Portugal, entre os leigos em matéria histórica, é corrente considerar o imperialismo português do século XIX, em África, como meramente defensivo, como uma resposta a agressões internas dos autóctones (vistos como “rebeldes”) e ambições externas de outras potências europeias, ávidas de obterem territórios que, por direito histórico, pertenciam legitimamente aos Portugueses.

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