Este volume da Africana Studia, subordinado ao tema Modernidade e repressão em Angola, incide na história de Angola, um Estado erigido num território desenhado a partir dos devaneios colonialistas, dos conflitos e, bem assim, das concertações diplomáticas na Europa entre finais de oitocentos e inícios de novecentos. A heterogeneidade existente e recriada pelas dinâmicas colonialistas fica indiciada por este conjunto de artigos sobre a Angola da era colonial e do pós-independência.

O primeiro objetivo deste número é contribuir para trazer alguma visibilidade e, esperamos, compreensão, ao impasse que à escala mundial pesa sobre o mais antigo conflito colonial em África.
As políticas de impasse num conflito com mais de quarenta anos não implicam apenas um arrastamento de reuniões e resoluções nos edifícios com ar condicionado das Nações Unidas. Impactam igualmente uma população – a saharaui – que vive divida por um muro militar de 2 720 km: nos campos de refugiados no sul da Argélia, nos territórios libertados sob controlo da RASD (República Árabe Saharaui Democrática), na chamada “prisão a céu aberto” sob ocupação marroquina, na diáspora em busca de trabalho e/ou em fuga.

Com a recessão mundial de 2008, o PIB dos estados africanos cresceu cada vez mais len­tamente durante a última década. Os que responderam ao aumento da procura de bens primários - em 2015, cerca de 24 % dos investimentos externos em África ainda foram para o sector energético (carvão, petróleo e gás) - registaram aumentos nas importações de capital. Contudo, o continente continua muito longe dos grandes fluxos: em 2015, recebeu apenas 8 % do investimento direto mundial. Como seria de esperar, em muitos territó­rios, sobretudo da África setentrional, ocidental e central, a maior instabilidade política e o desemprego crescente levaram a sucessivas vagas migratórias com o impacto que se conhece, particularmente na região do Mediterrâneo.

Este número de Africana Studia reúne alguns textos apresentados no congresso de homenagem a José Capela (pseudónimo de José Soares Martins), José Capela e a história de Moçambique: 45 anos depois de O vinho para o preto, realizado em 19 e 30 de maio de 2017, no Porto, numa organização conjunta do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, do Centro de História da Universidade de Lisboa, do Centro de Estudos Internacionais do Instituto do Instituto Universitário de Lisboa e do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.

O arquivo, no senso mais largo do termo, continua sendo tema central na historiografia africanista. Nesse dossiê, as potencialidades de certos arquivos, assim como as suas problemáticas, são analisadas em relação à África Austral, com enfoque em Angola e Moçambique. Os artigos aqui incluídos são resultado da crítica e da maturação de ideias inicialmente apresentadas pelos seus autores durante o Seminário Internacional “Cultura, Política e Trabalho na África Meridional”, que teve lugar na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP (Brasil), entre 11 e 14 de maio de 2015.

Todas as grandes temáticas relacionadas com a origem e evolução da Humanidade, até ao presente, encontram em África um amplo e crucial território de pesquisa. A arqueologia, mercê da tardia ocorrência de documentação escrita no continente, mas também do silenciamento de muitas realidades endógenas durante a maior parte do período para que dispomos de fontes escritas, permanece como a principal fonte de recursos documentais para a compreensão das dinâmicas humanas no Continente.

O dossiê “Educação e Cooperação para o Desenvolvimento: perspetivas e desafios”, que integra o número 22 da revista Africana Studia, é constituído por um conjunto de artigos que resultam, na sua maioria, de comunicações apresentadas no âmbito do Colóquio Internacional «Cooperação e Educação para o Desenvolvimento: lições e desafios», realizado colaborativamente pelo Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (CEAUP), pelo Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) e pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), em 14 e 15 de Março de 2013, apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

Mas o chefe de posto não foi lá colocado só para observar a natureza e proceder a estudos etnográficos, botânicos, geológicos ou linguísticos. Ele tem por missão administrar. Traduza-se esta palavra administrar é, afinal, em vista dos interesses superiores da civilização, impôr regulamentos, limitar as liberdades particulares em benefício das liberdades colectivas, cobrar impostos (1).

Apoio

Unidade I&D integrada no projeto com referência UIDB/00495/2020 (DOI 10.54499/UIDB/00495/2020) e UIDP/00495/2020.

 

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