Índice:
Introdução
Breve História do Mercado Artístico na África Ocidental
A Chegada ao Ocidente da Arte Africana
A Arte Africana do Ponto de Vista Comercial
Manipulação dos Objectos e Criação de Valor
Paradigmas no Estudo da Arte Africana
Arte Africana e Autenticidade
A “Morte da Cultura” e o Nascimento das Falsificações
A Psicose das Falsificações e das Proveniências
Classificando as Formas Artísticas Africanas
O Produto Anónimo e as Imagens Colectivas
Arte Africana Contemporânea
Conclusão
Bibliografia
Notas
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Resumo / Abstract
No último ano da Licenciatura em Antropologia, na Universidade de Coimbra, era uma opção realizar um trabalho de investigação. Essa investigação culminaria necessariamente na escrita de uma monografia, essencialmente resultado de uma investigação bibliográfica, que serviria para a avaliar a capacidade de cada um de realizar pesquisa documental sobre um dado tema e relacionar autores e perspectivas sintetizando-os depois num ensaio. Trabalho de campo não era um requisito desta investigação.
No decurso de uma disciplina que tinha concluído no ano anterior, Povos e Culturas de África, foi-nos solicitado que escrevêssemos um pequeno ensaio sobre máscaras africanas, abordando-as da perspectiva que bem entendêssemos: como objectos per se, como elementos simbólicos, de uma perspectiva artística, etc. Foi então que li a obra de Esther Dagan, de 1992, The Spirit`s Image: The African Masking Tradition – Evolving Continuity. Aqui as máscaras eram abordadas de uma perspectiva fascinante para mim – a do seu valor como mercadorias. Esta questão dos mecanismos de valorização de património essencialmente simbólico de grupos culturais africanos não me saia da mente, e acabei por eleger este tema para a minha investigação conducente à Licenciatura, que aqui é apresentada.
Neste “trânsito” de cultura material africana entre os contextos de produção e os locais de uso estão também os negociantes africanos destes objectos, como estafetas que levam para o Ocidente as formas e a estética africanas e, de regresso, trazem para África os gostos e as preferências ocidentais, contribuindo assim para transformação progressiva de dois mundos distantes. Como refiro no meu trabalho, são estes negociantes que nos revelam e fazem compreender a verdade nua sobre a lógica da valorização da arte. Através de um processo complexo de trocas económicas e culturais, a comercialização de arte Africana revela, ao mesmo tempo que constitui, os laços e conexões que fazem do mundo um sistema
In the last year of the Graduation in Anthropology, at the University of Coimbra, do research was a possible option. The research would necessarily end in the writing of a thesis, basically as result of bibliographical research, which would be a means of evaluating one’s capacity to undergo documental research about a given subject and relate authors and perspectives about that very subject, synthesising the results in an essay. Fieldwork was not an option.
During the previous year, in the discipline of African Peoples and Cultures, we were requested to write a short paper about African masks, from the perspective we would prefer: as objects per se, as symbolic elements, from an artistic perspective, etc. It was then that I came into contact with the work of Esther Dagan, of 1992, The Spirit`s Image: The African Masking Tradition – Evolving Continuity. In that work masks were dealt with in a fascinating perspective to me – of their value as merchandise. The question of the valorisation mechanisms for the symbolic patrimony of African cultural groups did not left my thoughts for a long period, and I ended up electing this subject for my Graduation research, which I now present.
At the core of this “transit” of African material culture between production contexts and places of consumption are the African traders of this objects, as runners who take West African forms and aesthetics and, upon return, bring back to Africa western tastes and preferences, contributing that way to the progressive transformation of two distant worlds. As I refer in my work, these traders reveal us and make us understand the bare truth about the logic in art valorisation. Through a complex process of economic and cultural exchanges African art commercialisation reveals, at the same time it constitutes, the bonds and connexions that make this world a system.